"Você, quando não dorme
quem é que você chama?"
(C. Buarque)
Simplesmente deixou que acontecesse.
Encontrou o antigo amigo depois de alguns anos sem contato algum. Outrora o vínculo entre eles havia sido forte, porém, hoje não havia mais um terço do carinho existente. Mesmo assim passaram a noite toda conversando; nada que já não tivesse sido dito antes, apesar de passado o tempo.
Aceitou quando quis levá-la para casa, mesmo sendo cedo ainda. Queria era chegar logo, precisava sumir de si.
Havia visto, a ele, acompanhado por outra. Já estava mais do que na hora de se habituar àquela situação mas não se podia. Vê-lo tão perto, rindo, como se alheio à sua dor, lhe sufocava. Sabia que ele sofria também mas... precisava de um subterfúgio qualquer, sair de si, simplesmente sair.
Chegaram em casa, ela tomou algo forte para que pudesse se livrar logo de seus sentidos. Lamentou que tivesse tão pouco. Antes, quereria apenas deixar de sentir.
Quando deu por si, o tal amigo estava por cima dela, beijando-a com avidez. A vertigem em sua respiração era pior do que qualquer overdose ou coma que pudesse ter. Dezenas de imagens tomavam de assalto sua mente, sentimentos díspares, uma tristeza sem fim.Não fez sexo, muito menos amor. Apenas deixou, apática, que seu corpo fosse tomado. Era nele que pensava, nele e em seu amor impossível. Quis pedir para parar, queria que aquele homem saísse de cima dela, sumisse de sua vista mas resignou-se e esperou que terminasse.
Deu um jeito de colocá-lo para fora imediatamente a propósito de qualquer desculpa. Não poderia olhar para aquele rosto nunca mais, sentia um nojo indescritível ao olhar para ele.
Quando se viu só, entrou em completo desespero. Sentia-se a mais vagabunda das putas, como se tivesse sido maculada em público. Talvez desejasse humilhar aquele amor tardio entregando-se a outro. Talvez pensasse estar dizendo a ele que poderia possuir sua mente e seu coração, mas de seu corpo, faria o que bem entendesse. Tudo o que conseguiu foi um tormento o qual nunca poderia imaginar. Sentia-se impura, ímpia. Uma cadela de rua teria mais dignidade do que ela.
Tomou um longo banho e se agarrou a antigas pelúcias no desejo idiota de recuperar algo de infância. Não conseguia ficar em seu quarto, tinha a impressão de que nunca mais poderia voltar a se deitar em sua cama. Queria mesmo era sair de seu corpo, de sua alma doente e febril. Tinha nojo de si mesma.
Deitou-se no chão e chorou, chamando alto pelo nome dele, até que amanhecesse.
Encontrou o antigo amigo depois de alguns anos sem contato algum. Outrora o vínculo entre eles havia sido forte, porém, hoje não havia mais um terço do carinho existente. Mesmo assim passaram a noite toda conversando; nada que já não tivesse sido dito antes, apesar de passado o tempo.
Aceitou quando quis levá-la para casa, mesmo sendo cedo ainda. Queria era chegar logo, precisava sumir de si.
Havia visto, a ele, acompanhado por outra. Já estava mais do que na hora de se habituar àquela situação mas não se podia. Vê-lo tão perto, rindo, como se alheio à sua dor, lhe sufocava. Sabia que ele sofria também mas... precisava de um subterfúgio qualquer, sair de si, simplesmente sair.
Chegaram em casa, ela tomou algo forte para que pudesse se livrar logo de seus sentidos. Lamentou que tivesse tão pouco. Antes, quereria apenas deixar de sentir.
Quando deu por si, o tal amigo estava por cima dela, beijando-a com avidez. A vertigem em sua respiração era pior do que qualquer overdose ou coma que pudesse ter. Dezenas de imagens tomavam de assalto sua mente, sentimentos díspares, uma tristeza sem fim.Não fez sexo, muito menos amor. Apenas deixou, apática, que seu corpo fosse tomado. Era nele que pensava, nele e em seu amor impossível. Quis pedir para parar, queria que aquele homem saísse de cima dela, sumisse de sua vista mas resignou-se e esperou que terminasse.
Deu um jeito de colocá-lo para fora imediatamente a propósito de qualquer desculpa. Não poderia olhar para aquele rosto nunca mais, sentia um nojo indescritível ao olhar para ele.
Quando se viu só, entrou em completo desespero. Sentia-se a mais vagabunda das putas, como se tivesse sido maculada em público. Talvez desejasse humilhar aquele amor tardio entregando-se a outro. Talvez pensasse estar dizendo a ele que poderia possuir sua mente e seu coração, mas de seu corpo, faria o que bem entendesse. Tudo o que conseguiu foi um tormento o qual nunca poderia imaginar. Sentia-se impura, ímpia. Uma cadela de rua teria mais dignidade do que ela.
Tomou um longo banho e se agarrou a antigas pelúcias no desejo idiota de recuperar algo de infância. Não conseguia ficar em seu quarto, tinha a impressão de que nunca mais poderia voltar a se deitar em sua cama. Queria mesmo era sair de seu corpo, de sua alma doente e febril. Tinha nojo de si mesma.
Deitou-se no chão e chorou, chamando alto pelo nome dele, até que amanhecesse.