terça-feira, dezembro 06, 2005

Ouvira sempre dizer que o tempo a tudo curava.
Acreditaria deveras, não soubesse ser esta uma frase feita de muita beleza e nem tanta verdade. Talvez fosse uma espécie de consolo para as pessoas, uma muleta, assim como deus. Podia enxergar o apaziguamento que a sentença trazia: num momento de maior desespero, nada como se acalentar com a esperança de uma melhora futura.
Mas, após cinco anos, não poderia crer na verdade daquilo. É certo que o furor inicial de sua dor se havia amenizado, mas não, nunca, se extinguido. Havia como que uma sombra por trás de seus mais tranqüilos dias. Não é bem isso. Antes: quando as coisas pareciam não correr tão bem, o sentimento voltava. Ela não conseguia entender porque alguém haveria de se refugiar num sofrer de hora tardia quando tudo o que mais precisava era justamente tentar resolver problemas outros. Mas era assim que sentia e assim que seus dias, mês após mês, ano após ano, corriam.