Ouviu Bach muitas vezes. Todas as vezes. A mesma música. Nada neste mundo o tocava mais que a beleza.
Talvez por isso tivesse aquela queda pelo patético. A beleza, ainda que piegas, era ainda beleza, e isso o sensibilizava.
Precisava de amigos, se socializar mais... era isso. Livrar-se do ar viciado daquela clarabóia. Andava até pensando em convidar um conhecido seu para ser seu amigo mas, ao pensar em agir, desanimava. Não era mesmo um bom companheiro. Não ligava para as pessoas, não procurava por elas. Seria capaz de caminhar sobre brasa por alguém que lhe fosse querido mas só se fosse procurado para isso. Tinha muito respeito pela individualidade, prezava demais sua solidão para se intrometer na do alheio.
Na verdade, se achava sempre tão atormentado que achava injusto com o mundo circular suas asas caídas por aí.
Mas Pedro tentava sorrir com apreço para as pessoas.
Por precisar delas, embora não admitisse.
Por auto-comiseração.